quinta-feira, 14 de maio de 2009

A greve não acabou, e amanhã tem assembléia geral

Após 08 dias paralisados, amanhã os educadores voltam a se reunir em Assembléia Geral. Este movimento está sendo marcado por tencionamento entre governo e categoria. Tencionamentos “colaterais”, diga-se.

É que, conforme se tornou público e notório, desde a greve do ano passado, a principal polêmica estabelecida durante a greve não foi a relativa às reivindicações dos educadores. O debate sobre a procedência ou não das reivindicações ou sobre se o Estado teria ou não condições de atendê-las foi substituída por uma “verdade” decretada por setores do Governo: a greve está sendo movida por interesses políticos.

Esta caracterização é equivocada e tem como consequência levar o Governo a ter um posicionamento também equivocado frente ao movimento.
Mas alerto: a repetição, desta “verdade” não mudará a realidade.
E a realidade é que a pauta de reivindicações da categoria é justa e precisa ser atendida. O Estado tem condições financeiras de atendimento ao menos parcial das demandas apresentadas. Isto posto, a resposta à greve deveria ser a busca de um pacto entre as partes. Mas, equivocadamente, se optou pelo tacape. O Governo Ana Júlia, que muitos educadores ajudaram a conquistar, tem diante de si o desafio de dar a volta por cima, construindo um amplo movimento com vistas a reverter os deploráveis indicadores da educação no PA.

Para quem conhece a pauta de reivindicações sabe que, entre as principais reivindicações, estão pontos que dizem respeito à implantação do PCCR. Ou seja, se busca o cumprimento de uma lei, o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração da categoria. Aliás, Plano este que foi um compromisso prometido pelo Governo Ana Júlia, que junto à implantação do processo de eleições diretas, foram compromissos assumidos na última greve da educação no PA. Até agora somente a eleiçõe direta para diretor é o grande mérito do governo da bancária Ana Júlia, que precisa avançar muito no diálogo com nossa categoria se quiser ter um segundo governo.
Continuar afirmando que a greve tem conotação de disputa política pode até servir para justificar posturas e atitudes.

Mas, a despeito dos esforços e avanços localizados, a realidade está aí fora, em cada escola pública deste Estado. Milhares de professores(as) no aguardo de progressão funcional, necessidade de chamar os concursados, estrutura física deficitária, laboratórios de informática não instalados, ausência de planejamento à médio e longo prazos, alta repetência, elevado abandono, baixa aprendizagem, altas taxas de analfabetismos, etc, etc. O resultado é conhecido: o PA é um dos lanternas na Educação Brasileira.

A greve se dá num momento de crise aguda, portanto, se o governo Ana Júlia quiser voltar a ter credibilidade, é chegada a hora de se buscar repactuar as relações entre governo e categoria e se enfrentar conjuntamente a realidade. Caso contrário, o PA terá grandes dificuldades para alcançar as (modestas) metas estabelecidas para o Estado no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado pelo Governo Lula.

Edivaldo Andrade

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